domingo, 5 de dezembro de 2010

BOB ALDASI FALA DO UNIVERSO DA MAQUIAGEM E SEUS VALORES.





Este ensaio tem como objetivo fazer uma breve análise da maquiagem realizada em produções de moda. O interlocutor terá um pouco mais de noção de como se elabora uma maquiagem para os diferentes contextos de idéias nos desfiles e editoriais. Esse tema surgiu devido a uma demanda presente hoje. Novos estilistas estão sendo formados pelas faculdades e a grande maioria não sabe o trabalho, a complexidade e muito menos uma noção do processo de maquiagem e de sua elaboração. Isso é perceptível nas produções de moda, em que os estudantes apresentam idéias prontas de make sem uma concepção que contribua com o trabalho. Eles escolhem o que acham bonito, sem ao menos pensar se vai realmente ser coerente com o look proposto. Serão analisados neste trabalho a diferença entre maquiagens de desfiles conceituais e de desfiles com roupas, que apresentam pesquisa e uma idéia de embasamento, mas são comerciais. Também será mostrada uma breve história da maquiagem para que o leitor se intere um pouco mais sobre o assunto tratado. É importante ressaltar que o propósito deste ensaio não é ensinar alguém a fazer maquiagens de moda, mas sim propor uma reflexão acerca da elaboração de uma maquiagem visando a uma melhor clareza e coerência em uma coleção / editorial. O estudante, ou profissional não precisa deixar que o maquiador escolha o que fazer, mas sim discutir com ele propostas variadas
afirma Bob Aldasi maquiador.




Maquiagem – etimologia da palavra




“Maquiagem ou maquilagem (no Brasil) consiste na aplicação, com efeito cosmético, de embelezamento, ou disfarce, seguindo-se nalguns casos os ditames da moda e com uso de substância especificamente destinadas a tal fim.
A maquiagem no século XX





No século XX, a maquiagem fez parte dos cenários hollywoodianos, compondo a beleza de mulheres como Jane Harlow, Lauren Baccal, Verônica Lakke, Gracie Kelly e Marilyn Monroe, Twiggy, Farrah Fawcett, Madonna, e, atualmente, Gizele e Kate Moss.



Todas essas mulheres foram ícones de suas respectivas gerações, modelos de beleza para a sociedade, lançando moda de comportamento e imagem.



Alguns exemplos das influências da história na maquiagem seguem abaixo:



Anos 30:' Olhos sofisticados e provocantes. Sobrancelhas totalmente depiladas e redesenhadas com lápis, num traço fino, ousado e marcante. Sombras de pálpebras em pó exploravam todos os matizes, indo dos castanhos aos cinzas, e inclusive ao preto para a noite. Os cílios cuidadosamente recurvados e cobertos por máscaras para cílios. Para evitar todo excesso considerado vulgar, a maquiagem da boca tornou-se mais discreta.





Anos 40: Olhos armados de guerra. A beleza, sinônimo de saúde, era considerada um dever nacional. Os efeitos da guerra abalaram o mundo e o mercado de cosméticos teve uma queda em função da falta de matérias-primas. Graxa para as botas serviam como máscara para cílios, o carvão, como sombra de pálpebras, a graxa para sapatos como tintura para as sobrancelhas e pétalas de rosa embebidas em álcool produziam um blush líquido da era vitoriana. Ao longo de todo o conflito, as estrelas usaram cabelos longos, um modo de exprimir feminilidade numa época em que muitos outros meios não eram mais acessíveis.





Anos 50: Olhos de gazela. Modelados pela sombra nas pálpebras, o lápis de sobrancelha, a máscara para cílios e sobretudo o delineador. A importância da maquiagem dos olhos trouxe uma infinidade de criações e reformulações de produtos. A maquiagem realçava a palidez da pele e a intensidade dos lábios. Os pós-de-arroz e compacto estavam mais que presentes.





Anos 60: Olhos de adolescente. Ultra-maquiados transparecendo uma ousadia inocente. Na mesma época, surgiram as minissaias e as mulheres começaram a deixar de lado o clássico e então "ultrapassado" visual fatal. A feminilidade transitava entre o comportado e o irreverente. As cores eram fortes, puras, verdadeiras: rosa-choque, dourado, verde, violeta e laranja. Os anos 60 marcam o início da cultura pop americana.






Anos 70: Olhos em busca de liberdade. A beleza toma um aspecto moral e psicológico. Não existem mulheres feias, há somente mulheres que ainda não se conhecem. Pela primeira vez na evolução da beleza, homens e mulheres podiam escolher sua aparência seguindo seu estilo de vida pessoal, e não somente as exigências da moda. A maquiagem e os cortes de cabelo se tornaram, mais que nunca, meios de expressão de escolhas. Cabelos livres, pele bronzeada e lábios brilhantes fizeram dos anos 70, uma década de beleza explosiva.





Anos 80: Olhos cheios de movimento. Sob as luzes estroboscópicas, a juventude dourada e coberta de lantejoulas tinha os lábios muito vermelhos, os olhos pintados de azul-elétrico e as maças do rosto realçadas por blushes cor de tijolo. Os códigos de beleza começavam a mudar de acordo com as estações do ano. A sombra passava do castanho ao violeta e era esfumaçada, em arco-íris. Os cílios eram alongados com máscaras coloridas (verde relva e azul piscina) e a prova d'água. No topo dos anos 80, triunfava Madonna, que foi um marco da década em que era proibido "fraquejar". A beleza virou competição e as mulheres passaram a cuidar muito do corpo. Os músculos demonstravam que elas não seriam mais intimidadas.





Anos 90: Olhos menos cintilantes e mais decadentes. Cansada dos agitos dos anos 80, as mulheres dos anos 90 apresentam uma beleza esquálida e perturbadora que representa uma sociedade em fase de mutação. Tatuagem e piercings fazem do corpo um campo de expressão da feminilidade "debochada".





De 2000 aos tempos atuais Fragmentos de todas as décadas passadas se misturam e contam um pouco da história da beleza feminina através dos tempos. Com a chegada do novo milênio, os diversos aspectos adotados pela beleza nos serviram de espelho. A aparência, em manifestações diversas e imagens extremas, refletiu os processos de transformação. Os dois últimos anos misturam todos os possíveis estilos de moda e maquiagem. Trazem a classe e a elegância do início do século, a delicadeza sexy dos anos 60, a irreverência dos anos 80 e a "apatia" em tom de protesto dos anos 90,assim conclui Bob Aldasi